Chamem os engenheiros!

Diferentemente da China, os regimes de centro-esquerda da América Latina não diversificaram suas economias: eles permaneceram muito dependentes do boom de commodities para obter crescimento e estabilidade. As elites latino-americanas tomaram dinheiro emprestado e ficaram dependentes de investimento estrangeiro e de capital financeiro, ao passo que a China realizou investimentos públicos na indústria, infraestrutura, tecnologia e educação. Os progressistas da América Latina juntaram-se aos capitalistas estrangeiros e os especuladores locais para realizar especulação imobiliária não produtiva e consumir, enquanto que a China investiu em indústrias inovadoras no país e no estrangeiro. Ao passo que a China consolidou a liderança política, os progressistas latino-americanos aliaram-se aos adversários estratégicos locais e multinacionais no estrangeiro para ‘dividir o poder’, mas estes de fato estavam preparados para defenestrar seus aliados de “esquerda”.

    Trecho retirado do artigo intitulado “A liderança da China nos mercados mundiais, a liderança dos Estados Unidos nas guerras mundiais e a debacle da esquerda latino-americana”, escrito pelo sociólogo americano James Petras

    Prezados leitores, peço desculpas por uma citação tão longa que abre este meu humilde artigo, como se eu quisesse simplesmente reproduzir as ideias de alguém mais famoso e mais sábio do que eu. Ocorre que estou sempre à cata de maneiras de informar-me melhor sobre o que realmente ocorre no mundo varrendo determinados sites na internet que considero elaborados por gente séria. A imprensa escrita em todo o mundo, de propriedade de grandes grupos econômicos, parece cada vez mais empenhada em nos contar histórias da carochinha, talvez com o velado intento de impedir qualquer sentimento de indignação nas pessoas e garantir que as coisas permaneçam como estão. No Brasil a coisa não é diferente.

    Alguns dirão que nossa imprensa evoluiu muito em termos de liberdade e que as revelações sobre o mensalão e o petrolão em todas as esferas governamentais é sinal disso. Pode ser que revelar as relações incestuosas entre empreiteiros e partidos políticos seja bom para a democracia e para diminuir a corrupção. Por outro lado, devo confessar que já cansei das revelações bombásticas, do sangue e do drama das delações premiadas, das planilhas de pagamento da Odebrecht, das decisões dos juízes, dos desembargadores e dos ministros do Supremo Tribunal Federal. Aliás, o efeito prático de todas essas investigações sobre crimes do colarinho branco tem sido até agora dar um poder cada vez maior ao Judiciário, que aproveita para conseguir benesses à custa do povo. O poder dos órgãos de justiça é tanto que agora dão-se ao luxo de brigar entre si, Ministério Público contra STF, juízes de primeira instância contra STF e por aí vai, o que mostra um comportamento de coronéis que estão lutando ferozmente para garantir seu terreno e não vão se importar se deixarem no caminho um rastro de destruição e morte das vítimas da refrega. Nós brasileiros assistimos impávidos às veleidades dos doutores que querem dar carteirada uns nos outros, concedendo habeas corpus, vazando informações sigilosas e por aí vai.

    Triste espetáculo proporcionado por um país em que os profissionais do direito têm um papel exagerado na definição dos nossos destinos e ficamos aqui, chafurdando nas disputas jurídicas. Não me entendam mal, não quero anistia geral para corruptos e corruptores, não quero amordaçar investigações, mas não há como negar que os ministros do Supremo, os procuradores do Ministério Público e alguns juízes de primeira instância viraram celebridades e como toda celebridade produzem factóides para manter-se sob as luzes da ribalta: dão entrevistas a torto e a direito, falam mal de coleguinhas, tudo para que o show continue e eles possam posar como os personagens mais importantes do Brasil. Estou farta de gente que bate boca e fofoca, acho que o Brasil precisa de gente que faz, que constrói que gera riquezas e empregos. Daí eu ter inveja da China sob certos aspectos, tanta inveja que abri este artigo com uma comparação entre os sucessos do Império do Meio e os fracassos da América Latina.

    Apesar das imensas diferenças culturais, étnicas e linguísticas entre China e Brasil, acredito relevante comparar esses dois países emergentes, porque um e outro foram alvo do imperialismo ocidental, nós infelizmente nascendo como colônia europeia antes de nos formarmos como nação independente. A mim me parece que a China tem sabido lidar melhor com as potências ocidentais do que nós, aprendendo o que tem que aprender com elas, aprimorando aquilo que consegue absorver e descartando o que não lhe interessa. A China pirateia, hackeia, copia mal e porcamente, manteve sua moeda a um valor artificialmente baixo durante vários anos para incentivar as exportações e nunca se preocupou em dar muita satisfação sobre isso, pois o importante era conseguir o seu objetivo de não ficar para trás. O Brasil ao contrário tem sempre essa ânsia de agradar e ser aceito. Para ficar só nas últimas décadas, engolimos o receituário do FMI, o Consenso de Washington e nossa maior realização no momento foi ter gasto bilhões com a Copa do Mundo e as Olimpíadas para projetar nossa imagem no exterior. É verdade que a China também sediou os Jogos Olímpicos em 2008, mas eles então gozavam das polpudas reservas acumuladas ao longo de pelo menos duas décadas de crescimento econômico na casa dos dois dígitos, o que nunca ocorreu entre nós depois do milagre econômico da década de 1970.

    Nossa imprensa pinta um quadro róseo da nossa república dos juízes. Quando o impeachment sair o Sr. Temer poderá de fato governar, instaurar a disciplina fiscal, aumentar a credibilidade do país e os investidores estrangeiros voltarão a comprar papeis brasileiros. Depois de alguns sacrifícios, a serem suportados pelos otários de sempre, voltaremos a crescer mediante o estímulo da privatização de serviços públicos e a corrupção terá diminuído depois da ação enérgica do judiciário. Ora, quem quer se informar sabe que o buraco é muito mais embaixo. Estamos à deriva, em crise existencial diante do fato de que ser fornecedor de commodities já não proporcionará os empregos e a renda que proporcionavam antes. Privatizar serviços públicos é bom desde que haja fiscalização das atividades do concessionário, senão vira um privilégio financiado por dinheiro do BNDES. E o endividamento do Estado só poderá ser debelado se o governo estiver disposto a enfrentar grupos de pressão, mas considerando o poder daqueles que mandam prender nesse cenário de caça às bruxas fica difícil imaginar políticos sendo corajosos para o bem público. Corremos o risco de sermos cada vez mais um país formado por uma elite que vive de emprestar dinheiro ao governo a taxas de agiotas e investe pouco na produção.

    Enquanto isso lá no Oriente, em um país em que o Secretário Geral do Partido Comunista, Xi Jinping é um engenheiro, estão lá formando pessoas versadas em ciências exatas, construindo fábricas e infraestrutura, criando empregos e novos produtos, em suma preparando-se para o futuro com trabalho e esforço. Nós aqui estamos discutindo se pedalada fiscal é crime no sentido clássico da palavra ou apenas em sentido lato. Prezados leitores, oxalá depois que Dona Dilma seja defenestrada possamos estabelecer prioridades. De qualquer forma, o ideal seria que para colocar a mão na massa chamássemos os engenheiros.

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Se queres diversidade…

Esses gritos hostis mostram que os espectadores não têm respeito nenhum pelos valores olímpicos. O Thiago foi incrível, não tenho nada a dizer sobre ele. […] Não foi a primeira vez que me vaiaram. Considerando o que está em jogo e o cansaço, você não tem necessidade disso. Perturba muito e deixa a gente muito nervoso, porque você sente a maldade do público. O atletismo não é futebol. Se é para vaiar, que eles fiquem em casa assistindo à televisão.

Trecho de entrevista dada pelo atleta francês Renaud Lavillenie à imprensa de seu país depois de perder a medalha de ouro do salto com vara para o brasileiro Thiago Braz da Silva

Sem se dar conta, o treinador menciona as forças místicas, talvez aquelas do candomblé, a religião afro-brasileira ainda cultuada no país. « Este país é bizarro », ele sugere, quase com admiração.

Comentário do treinador de Renaud Lavillenie, Philippe d’Encausse, sobre a irracionalidade da situação vivida por seu pupilo, detentor do recorde mundial do salto com vara e campeão olímpico em Londres

    Prezados leitores, quem assistiu à cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de 2016 deve lembrar-se das palavras de Regina Casé, uma das apresentadoras do espetáculo, que glorificava a diversidade do Brasil. A própria história do país contada de maneira resumida no início do espetáculo do dia 5 de agosto mostrou como somos produto da miscigenação de índios, europeus, negros, japoneses, árabes. Hoje a diversidade é um dos principais valores do cânone politicamente correto.

    Quem critica a diversidade ou mesmo alguma de suas consequências é vilipendiado, o caso mais emblemático atualmente sendo o do candidato Donald Trump, que por não fazer as devidas homenagens às virtudes intrínsecas da diversidade, provavelmente perderá as eleições para Hillary Clinton que tece loas aos gays, aos negros, às mulheres, aos muçulmanos e a todas as minorias deste mundo. Nessa seara não importa muito o que você realmente faça pelas minorias, importa é falar platitudes sobre o conceito abstrato de que quanto mais minorias haja melhor.

    Hillary Clinton em toda sua vida pública atuou a favor do complexo industrial-militar americano, dos grandes bancos, das seguradoras e das grandes corporações com operações globais, para mencionar alguns dos seus doadores de campanha que foram beneficiados por suas decisões como primeira-dama que dava pitacos no governo do marido presidente e como senadora. A senhora Clinton foi a favor de guerras no Iraque, na Líbia, na Síria, entre outros, da desregulamentação bancária que permitiu aos banco americanos fazerem apostas arriscadas com o dinheiro dos corrrentistas, do NAFTA e do Acordo de Associação Transpacífico, que colocam as multinacionais acima da lei dos países em que atuam, e do Obamacare, que estabeleceu a obrigatoriedade de os americanos contratarem algum plano de saúde, em vez de estabelecer um sistema público universal financiado com dinheiro público. No entanto ela é considerada o mal menor ante o racista, xenófobo Trump, cujas propostas de políticas interna e externa são muito mais progressistas do que as de Hillary, de acordo com o historiador americano Eric Zuesse, o que mostra que esse bla bla blá de diversidade é uma desconversa que serve para que as elites globais possam organizar a economia e a política de acordo com seus interesses.

    A diversidade tem uma outra faceta, que é meu objetivo explorar neste meu humilde artigo. Sua exaltação como símbolo serve como credencial para candidatos políticos ludibriarem o público, e ao tentar ser colocada em prática apresenta uma série de desafios. Esses desafios estão se mostrando a nós brasileiros, espectadores dos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro. Não pensem que falarei do nadador americano assaltado, do técnico alemão morto em circunstâncias suspeitas ou do atleta de judô belga que levou chapuletadas no rosto. Isso era totalmente previsível, considerando que o Rio de Janeiro é uma cidade violenta. Mesmo porque se o COI tivesse escolhido Chicago, que era uma das cidades que se candidataram para sediar as Olimpíadas, os atletas e turistas enfrentariam o mesmo problema. De acordo com o jornalista americano Steve Sailer, desde o início de 2016, mais de 2.500 pessoas levaram tiros na cidade americana, mais do que em qualquer ano desde 1990. Vou falar do choque cultural vivido pelos atletas olímpicos que estão tendo que lidar com as vaias do público brasileiro.

    De fato, é uma grande surpresa para eles, considerando que não estão acostumados com esse tipo de comportamento em locais de prova em outras partes do mundo. Os efeitos têm sido normalmente nefastos, como demonstrou a seleção da Espanha que perdeu do Brasil no basquete masculino devido à pressão da torcida e o atleta francês Renaud Lavillenie que tinha a medalha de ouro na mão e desconcentrou-se totalmente com a ajuda que o público brasileiro resolveu dar a Thiago Braz da Silva no salto com vara. Nesse último caso houve um duplo choque de civilizações. Renaud não entendeu como o público é capaz de vaiar pessoas que estão lá dando o melhor de si e precisam de calma para manterem o foco e nós brasileiros não entendemos como o francês pôde comparar nosso comportamento à hostilidade dos nazistas contra Jesse Owens, o corredor negro americano que brilhou nas Olimpíadas de Berlim de 1936, sob as barbas de Adolf Hitler. Senhor Renaud, realmente o senhor não entende nada do Brasil: nunca poderíamos ser nazistas porque falar em raça ariana e exclusivismo no país mais miscigenado do mundo é bizarro, para utilizar a expressão do seu técnico. Vaiamos o senhor não porque achamo-nos superiores, mas porque somos apaixonados e torcemos loucamente por qualquer brasileiro que esteja competindo. Vaiamos porque queremos ajudar nossos compatriotas a ganhar medalhas. E queremos ganhar medalhas porque é uma maneira de compensar nossas frustrações com o extenso rol de coisas que dão errado no Brasil. Em suma, vaiamos para desopilar o fígado.

    Renaud não nos entendeu e nós não o entendemos. Desse desentendimento entre indivíduos e grupos que têm culturas diferentes nasce o desrespeito e do desrespeito nascem as ofensas e a troca de acusações. Nós o consideramos um babaca e ele nos considerou um bando de nazistas alucinados. Renaud foi novamente vaiado na entrega de medalhas e até chorou, provavelmente de raiva, por ter tido seu desempenho no Engenhão afetado pelo comportamento da torcida, que não obedeceu aos cânones da racionalidade cartesiana francesa.

    Viram como na prática a teoria da diversidade é outra? Se queres diversidade é preciso lidar com as nuances do caso concreto. O que fazer aqui? Tentar educar os brasileiros a serem mais compenetrados durante os jogos ou fazer os gringos entenderem que somos barulhentos mesmo, que gesticulamos muito, que fazemos algazarra e que não nos importamos muito se isso atrapalha os atletas, principalmente se eles forem nossos inimigos esportivos?

    A diversidade pode ser qualquer coisa, pode ser uma cortina de fumaça que escamoteia e viabiliza intenções malignas, pode ser palavrório para vender produtos e países e pode ser uma fonte de violência física e psicológica, como têm ocorrido no Rio de Janeiro. O Comitê Olímpico Internacional escolheu o produto Rio de Janeiro pelo chamativo da realização dos jogos olímpicos em um lugar diferente do padrão ocidental inventado na Grécia. Os comportamentos e reações insólitos que estamos experimentando mostra que o buraco da diversidade é muito mais profundo.

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We, the people…

Nós perdemos a República. Todos nós temos que agir para retomá-la.

Trecho retirado da palestra do professor de Direito da Universidade Harvard, Lawrence Lessig (1961-) intitulada, “Nós, o povo, e a República que precisamos retomar”

Não é preciso dizer que os interesses monetários e aqueles que estão no poder e beneficiam-se dos arranjos atuais têm uma visão diferente e colaboram para manter o status quo. Como resultado, a vida política cada vez mais torna-se um empreendimento reservado para aqueles como Trump que tem um grande patrimônio pessoal, ou para aqueles como Hillary Clinton que mostram uma aptidão para convencer os ricos a abrirem a carteira, com tudo aquilo que isso implica em termos de concessões, acomodação, e pagamento posterior de favores.

Trecho retirado do artigo “A Decadência da Política Americana”, de Andrew J. Bacevich (1947-), historiador americano especializado em Relações Internacionais

    Prezados leitores, sabem a diferença fundamental entre a Constituição dos Estados Unidos e a do Brasil? Alguns dirão que a americana é muito mais enxuta, com seus 21 artigos, do que a nossa, que tem 250 artigos. Eu diria que antes de mais nada, o “We, the people of the United States…” tem um impacto muito maior do que “Nós, representantes do povo brasileiro…”. No primeiro caso, é o povo falando, o povo decidindo escrever uma Constituição para os Estados Unidos da América. No segundo caso, são os representantes que decidem sobre o conteúdo da Constituição de acordo com o que acham ser a vontade do povo. É claro que na prática em ambos os casos o texto foi redigido por um seleto grupo de pessoas, com uma diferença de exatos 201 anos. Mas o efeito simbólico da referência ao povo, sem intermediários, mostra o ideal que os americanos tinham em mente, a coisa pública, a res pública cujos destinos os cidadãos decidiriam por meio de eleições.

    Não tentarei aqui discorrer sobre se o ideal da república governada pelo povo e para o povo realmente algum dia verificou-se na prática na América do Norte. O importante é que em pleno século 21 há uma percepção de que a democracia na “América” tornou-se um conceito totalmente desprovido de sentido. Um dos que explicam o porquê de não haver nem mais república e nem mais decisão pelo povo é Lawrence Lessig, que na palestra mencionada acima fala sobre aquilo que está matando a república americana.

    Os políticos passam a maior parte do seu tempo angariando recursos para a próxima campanha eleitoral, e ao receberem dinheiro de um punhado de doadores pertencentes à elite de 1%, precisam dar-lhes algo em troca, o que significa defender os interesses dessa minoria, em detrimento da maioria que elegeu o candidato. Lessig descreve a democracia americana como patológica, destruída pela corrupção. O governo obedece à agenda dos financiadores dos políticos, e acaba não trabalhando nem para a esquerda e nem para a direita. Os únicos beneficiários das políticas governamentais são aqueles que dão o dinheiro aos eleitos e, claro, os políticos e burocratas que depois de passarem um tempo exercendo uma função “pública” conseguem cargos na iniciativa privada em troca dos favores realizados quando tinham o poder de decisão de acordo com a cartilha estabelecida pela pequena claque de doadores.

    Para Lessig, a única solução para cortar o mal pela raiz é estabelecer um método de financiamento baseado em pequenos valores, uma espécie de crowdfunding de forma que um número muito maior de pessoas fossem doadoras e, portanto, tivessem capacidade de ter influência sobre o que é decidido nas altas esferas. Alguns Estados americanos já promulgaram leis nesse sentido e a esperança de Lessig é que o sistema de campanhas financiadas pelos cidadãos, e não pelo 1%, prevaleça e permita acabar com a corrupção da coisa pública.

    É óbvio que padecemos dos mesmos problemas dos americanos, como temos podido constatar ao longo desses árduos meses de 2016. Nossos políticos, de todos os quadrantes, estão na folha de pagamento de alguma empreiteira, e não admira que tal conluio influencie as escolhas das prioridades orçamentárias. Decidir fazer uma Copa do Mundo e Jogos Olímpicos dois anos depois é fruto do cálculo maquiavélico de governantes que viram nisso uma oportunidade de promover-se e criar a oportunidade de bons negócios, leia-se bons contratos para os amigos doadores. Prevê-se que as Olimpíadas do Rio terão um rombo de 500 milhões de reais, o qual será pago não só pelos cariocas, mas por todos os brasileiros, que não morando no Rio pouco nos beneficiaremos do tal do legado deixado na cidade com as reformas urbanísticas realizadas para o evento. E não quero nem imaginar como estarão as instalações olímpicas daqui a um ano, quando as redes de televisão terão ido embora. Virarão sucata?

    Os otimistas dirão que a Operação Lava Jato está escancarando a influência nefasta dos mega doadores sobre a política brasileira e que a partir de agora haverá boas práticas de governança. Devemos dar tempo ao tempo para verificarmos qual será a influência de longo prazo das investigações, mas por enquanto as velhas práticas do toma lá dá cá continuam firmes e fortes. O Sr. Michel Temer foi colocado no lugar de Dona Dilma, acusada de pedaladas fiscais. A medida de maior impacto do rei das mesóclises até agora foi ter aprovado um aumento de 41% para o Poder Judiciário, que todos sabemos ter um lobby fortíssimo.

    Será que houve consideração do impacto sobre as finanças públicas ou simplesmente Temer cedeu à pressão para garantir-se no cargo? Como é que os paladinos da probidade administrativa jogam pedras naquela que desrespeitou a Lei de Responsabilidade Fiscal, e ao mesmo tempo mandam às favas a contenção de gastos? Que hipocrisia é esta de governadores que denunciaram os crimes de Dilma e querem ter mais prazo para pagar suas dívidas sem terem que comprometer-se com limites aos gastos com pessoal? Para que mudar de governo se as práticas corruptas continuam as mesmas? Será que mentiram para nós? Se a gastança de dinheiro público continuará como antes e os mesmos otários pagarão pelos benefícios de uns poucos, será que havia outros motivos para tirar o PT do poder, motivos que não nos foram revelados? Será que o povo brasileiro nas ruas contra a corrupção serviu apenas para que uma gangue pudesse tirar a outra do poder?

    Assim como tenho minhas dúvidas em relação à utilidade de promulgar novas leis contra a corrupção, também tenho dúvidas se a solução proposta por Lawrence Lessig seria factível no Brasil. Será que nós, o povo brasileiro, estaríamos dispostos a fazer doações de 5 reais para políticos financiarem campanha? É verdade que houve na internet uma coleta de dinheiro para financiar a defesa jurídica de José Genoíno, mas os doadores foram simpatizantes do PT. Será que o cidadão comum, que nunca teve filiação partidária e muito menos ativismo político, estará disposto a ceder parte do seu suado dinheiro para políticos cuja credibilidade é cada vez mais baixa?

    Estamos em um círculo vicioso: desconfiamos dos nossos representantes, os escolhemos mal, não estamos dispostos a participar das campanhas. Eles se voltam para os grandes doadores e com isso acabam vendendo facilidades em troca de dinheiro, tomando decisões sobre como gastar o dinheiro público que não tem nada a ver com as necessidades dos brasileiros. Vendo como os eleitos são ineficientes, nós eleitores tornamo-nos cada vez mais indiferentes e escolhemos cada vez pior. Ficamos cada vez mais sem alternativas reais, é sempre mais do mesmo, da mesma patota que se dedica a defender os interesses dos grupos que exercem pressão. Se continuarmos sofrendo na carne essa inversão absurda de prioridades, não sei o que será da nossa república democrática.

    Prezados leitores, por ora vamos curtir as Olimpíadas, torcer pelos atletas brasileiros que terão destaque. Depois é hora de chorar pelo dinheiro gasto para atender os interesses de empreiteiras, redes de televisão e políticos. O terceiro passo seria nós arregaçarmos as mangas e tratarmos de salvar nosso sistema político, forçando os representantes a mudarem suas práticas. Não me perguntem como.

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Um Mundo que Cai

Os piores medos da OPEP estão se tornando realidade. Vinte meses depois de a Arábia Saudita ter tomado a trágica decisão de inundar os mercados mundiais com petróleo, ela ainda não comseguiu quebrar a indústria do petróleo de xisto nos Estados Unidos. Os países do Golfo, liderados pela Arábia Saudita, com certeza foram bem-sucedidos em acabarem com uma série de megaprojetos globais em águas profundas. Os investimentos em exploração, produção e transporte de 2014 a 2020 serão 1,8 trilhão de dólares a menos do que se supunha anteriormente de acordo com a firma de consultoria IHS. Mas essa vitória é amarga, na melhor das hipóteses. Os exploradores de gás de xisto por meio de fraqueamento na América do Norte estão cortando custos de maneira tão rápida que a maioria deles consegue produzir a preços bem abaixo dos níveis necessários para financiar o estado de bem-estar social da Arábia Saudita e sua máquina militar ou para cobrir o deficit orçamentário da OPEP.

Trecho retirado do artigo “O petróleo de xisto do Texas lutou com a Arábia Saudita até imobilizá-la”, publicado por Ambrose Evans-Pritchard na edição eletrônica do jornal inglês Telegraph em 31 de julho de 2016.

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Foto tirada em algum lugar do Brasil e pulicada no Twitter

    Prezados leitores, devo informar-lhes que Carcará, Stavanger, Rio de Janeiro, Ghawar, Viena, Ryad, Texas, Brasília e Rio de Janeiro estão todos ligados. Não digo simplesmente que estejam conectados pela internet, mas o que ocorre em um local tem efeito sobre os outros, de maneiras inesperadas. É essa a verdadeira globalização, e não aquela de que falam abstratamente em artigos acadêmicos, jornais e revistas. A aldeia global se concretiza quando enxergamos as relações entre fenômenos aparentemente independentes entre si.Explico-me.

    A Petrobras acaba de divulgar que vendeu por US$ 2,5 bilhões sua participação no bloco exploratório BM-S-8, onde está localizada a área de Carcará, no pré-sal da Bacia de Santos. A venda para a estatal norueguesa Statoil faz parte da estratégia de desinvestimentos da nossa estatal, que pretende angariar US$ 15 bilhões de dólares no biênio 2015-2016 para diminuir o grande volume da dívida. Os noruegueses depois de refletirem muito na sede da empresa em Stavanger devem ter pensado ser um bom negócio comprar a preços módicos de uma outra estatal de petróleo que está em sérias dificuldades financeiras e precisa de caixa o mais rápido possível.

    O petróleo do pré-sal, que segundo consta no site da Petrobrás, custa 8 dólares o barril, é quase quatro vezes mais caro do que o petróleo produzido no maior campo convencional do mundo, o de Ghawar na Arábia Saudita, que produz 5 milhões de barris por dia a um custo que gira em torno de 2 dólares (não se sabe o número exato porque a estatal saudita, Saudi Aramco, não divulga). Esse preço divulgado pela Petrobrás para fins mercadológicos provavelmente é só o custo da extração, não levando em conta despesas de capital, tributos, custos administrativos e de transporte. Em julho de 2008 o preço do barril de petróleo atingiu 133 dólares e hoje gira em torno de 40 dólares (para ser exata, o preço de 29 de julho foi de 39,97 dólares).

    Em 2014, os países-membros da OPEP aumentaram a produção vertiginosamente com o objetivo, dentre outros, de que não tratarei aqui, de eliminar do mercado certos concorrentes, como os produtores de petróleo de xisto nos Estados Unidos que o retiram de rochas por meio do fraqueamento hidráulico. O que eles não esperavam é que os americanos conseguiriam aumentar vertiginosamente a produtividade desde 2012, de forma que em certos locais no Texas os custos de produção antes dos impostos já chegaram a 2,25 dólares por barril. Isso significa que o petróleo do pré-sal atualmente não é competitivo nem em relação ao petróleo do Oriente Médio, de fácil extração porque em terra, e nem em relação ao petróleo de xisto da América do Norte, pois inovações tecnológicas têm permitido que o fraqueamento consiga retirar cada vez mais óleo negro das rochas.

    Dessa forma, o cálculo dos noruegueses deve ter sido mais ou menos assim: vamos guardar Carcará como uma reserva para tempos melhores, comprando na baixa o ativo da Petrobras e vendendo a produção quando os preços aumentarem. Os noruegueses sempre pensam no longo prazo, estão juntando os ovos. E nós brasileiros? Bem, nós sonhamos e nossos castelos de areia foram levados pela marolinha. Em suma, nosso mundo caiu, parafraseando a grande cantora Maysa. Os noruegueses podem fazer sua poupança para desfrutá-la em tempos melhores, nós estamos sofrendo agora, com o desemprego, e a inflação, e sofreremos por mais alguns anos, as consequências dos sonhos desfeitos.

    O petróleo acima de 100 reais em 2008 permitiu a Lula nosso então presidente viver de otimismo, isto é manter-se no poder e eleger seu sucessor, e oferecer-nos otimismo. A esses preços estratosféricos, explorar o pré-sal era totalmente viável economicamente, e ainda havia uma gordura para políticas desenvolvimentistas, como a exigência de conteúdo mínimo nacional nas compras da Petrobras. Os custos poderiam até ser maiores em fabricar coisas no Brasil, mas ao final teríamos uma indústria naval renascida e uma cadeia de produção em torno do petróleo diversificada. Geraríamos empregos e um ciclo virtuoso seria iniciado. Por que não sediar os Jogos Olímpicos em 2016? Em 2 de outubro de 2009 quando o Rio foi escolhido, pensar grande, embalados pelas riquezas vindouras do pré-sal, era possível para nós brasileiros, e para Lula desejável, porque permitia a ele vender o seu peixe e o do seu partido e manter-se reinando em Brasília pessoalemtne ou por meio de sua “esquentadora de cadeira”, Dilma Rousseff.

    Bem, os países-membros da OPEP reunidos na sede da entidade em Viena têm decidido aumentar sistematicamente a produção: de acordo com o órgão americano de informações sobre energia, em 2014 os países do cartel produziram 37,46 milhões de barris por dia, em 2015 38,33 milhões, em 2016 39,38 milhões em 2017 prevê-se que produzam 40,22 milhões de barris por dia. Isso tem mantido os preços baixos devido à estabilidade da produção de países não membros do cartel. Para nós essas reuniões vienenses tiveram efeitos catastróficos. Tudo o que havia sido planejado e tinha começado a ser construído em função da exploração do pré-sal está ameaçado. O Comperj, o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, um dos símbolos do renascimento industrial do Estado, está sendo reavaliado pela Petrobrás, o que significa que investimentos deixarão de ser feitos. Com preços do petróleo em queda não há receitas tributáveis, sem receitas tributáveis não há royalties, sem royalties, não há receitas públicas, sem receitas públicas, não se cobrem as pedaladas fiscais do governo carioca, que fica sem dinheiro para levar a cabo os Jogos Olímpicos.

    Prezados leitores, qual o melhor símbolo do Brasil neste período pós-hecatombe nuclear? O calçadão de porcelanato em Rio das Ostras, feito com o finado dinheiro do petróleo, ou os pneus velhos imitando o símbolo olímpico? A mania de grandeza ou o elogio da pobreza?

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Les bêtes noires

No domingo de manhã, durante a transmissão do programa “The Week” da rede ABC, o chefe da campanha de Hillary Clinton, Robby Mook, acusou o Wikileaks de ter publicado documentos fornecidos pelos russos para ajudar Trump.

Trecho retirado do artigo “O Partido Democrata vê a mão da Rússia por trás da publicação dos e-mails pelo Wikileaks” publicado na edição eletrônica do jornal Le Monde de 25 de julho

Acompanhamos atentamente as discussões tanto das elites dirigentes quanto da comunidade de especialistas. É suficiente ver as manchetes da imprensa ocidental no último ano. As mesmas pessoas que eram chamadas de defensores da democracia, são depois tachadas de islâmicos; primeiro eles escrevem sobre revoluções e depois as chamam de distúrbios e sublevações. O resultado é óbvio: a expansão cada vez maior do caos no mundo. […] Temos plena consciência de que o mundo entrou em uma fase de mudanças e transformações globais, quando precisamos de um grau especial de cuidado, da capacidade de evitar dar passos sem pensar. Nos anos depois da Guerra Fria, os participantes da política global perderam de certa forma essas qualidades. Agora precisamos lembrarmo-nos delas. Do contrário, as esperanças de desenvolvimento pacífico e estável serão uma ilusão perigosa, e o tumulto atual será um simples prelúdio do colapso da ordem mundial.

Trecho retirado do discurso de Vladimir Putin em Sochi em 24 de outubro de 2014 no 11º encontro do Clube de Discussões Valdai International

    Prezados leitores, o circo da eleição americana está montado. No dia 21 de julho Donald Trump foi oficialmente ungido candidato do Partido Republicano à presidência dos Estados Unidos, e nesta semana será a vez de Hillary Clinton pelo partido democrata. Utilizo a palavra circo porque decididamente os acontecimentos são sempre espalhafatosos. Para além das diatribes no Twitter, em que as gozações mútuas incluíram ataques à reputação moral e à beleza física das esposas dos candidatos à chapa republicana, houve o discurso surpreendente de Ted Cruz. O senador pelo Estado do Texas, discursando aos delegados do partido durante a convenção republicana em Cleveland, recusou-se a endossar o magnata do ramo imobiliário, recomendando aos colegas que votassem de acordo com sua consciência. Cruz teve que salvar sua mulher Heidi das vaias dos delegados que gritavam para ela “Goldman Sachs, Goldman Sachs”. O último fato bombástico foi a revelação do site Wikileaks de e-mails hackeados do Comitê Nacional dos Democratas revelando que os caciques do partido deram uma ajudinha a Hillary Clinton, em detrimento de Bernie Sanders, o velhinho que angariou a simpatia dos mais jovens, mas acabou derrotado nas prévias eleitorais pela candidata do establishment.

    Em suma, há muita raiva mútua e a campanha promete ser uma troca incessante de ataques entre Trump e Clinton com a superficialidade, a virulência e a eficácia que as mídias sociais atualmente possibilitam com suas hashtags, as curtidas e não curtidas, e claro as mensagens curtas. Na quinta-feira dia 21 assisti ao discurso de investidura de Donald Trump na íntegra. Durante todo o tempo, lembrei de Mussolini, o velho Benito, que tinha uma maneira característica de dizer uma frase de efeito, girar a cabeça lentamente para um lado e para o outro, e depois levantá-la, mostrando seu queixo protuberante – ou assim parecia pelos gestos – e esperando, satisfeito consigo mesmo e com sua virilidade, o efeito que suas palavras teriam sobre a massa. Donald faz exatamente a mesma coisa, não sei se de caso pensado ou simplesmente instintivamente sabe como colocar-se como o Deus ex-machina de que os americanos precisam para livrarem-se de sua classe política corrupta e venal. As frases de Trump eram curtas e grossas: promessas gerais sobre o que vai fazer, sem entrar em detalhes sobre o como, e insistência em temas caros àqueles que têm medo como “law and order”, expressão que apareceu em seu discurso várias vezes e sempre pronunciada de maneira lenta para melhor absorção pelo público. Seus ataques a Hillary foram implacáveis: chamou-a de marionete, que faz aquilo que seus doadores de campanha ordenam que faça, referiu-se à esperteza dela de ter conseguido livrar-se das garras da justiça tendo violado a segurança dos Estados Unidos ao utilizar seu servidor pessoal para lidar com e-mails do Departamento de Estado no tempo em que ela era a responsável pela política externa americana. Por fim acusou-a de incompetente, de ter sido responsável pela derrubada de Muammar al-Gaddaf na Líbia e com isso ser responsável pelo caos no Oriente Médio e a crise migratória na Europa. Trump parecia um galo de briga, levantando o peito para o adversário para mostrar sua força. Em suma, o Aprendiz-Mor fez jus à sua fama, marcou presença da maneira sempre incisiva.

    As reações ao candidato republicano são sempre radicais, do tipo ame-o ou deixe-o. Louco, imbecil, fascista para uns, genial para outros. Este meu introito sobre o conteúdo e a forma do discurso do clone do líder fascista italiano serve para que eu expresse minha humilde opinião sobre quem é o melhor candidato, ou talvez o menos pior. Considero a escolha do gestor do Império americano de relevância para todos nós, e pelo fato de haver tantas nuvens no horizonte considero Trump o melhor candidato para garantir a paz mundial. Antes que riam de mim, explico-me.

    Hillary Clinton é uma lídima representante dos neo cons, foi das primeiras a apoiar a Guerra no Iraque, e quando foi chefe do Departamento de Estado planejou a derrubada de Gaddaf na Líbia, o que abriu uma caixa de Pandora no Oriente Médio e MAGREB, em que o Estado Islâmico é a manifestação mais recente, depois do Talibã e da Al-Qaeda. Ela já se referiu ao presidente da Rússia como o novo Hitler e não admira que seu staff acuse os russos de tramarem contra ela com o vazamento dos e-mails sobre o boicote de Bernie Sanders pelos dirigentes do Partido Democrata. Para quem não sabe, a Guerra Fria está em plena efervescência, apesar de ter sido oficialmente extinta em 1991 com o colapso da União Soviética. Este episódio do doping dos atletas russos é apenas mais uma escaramuça entre Estados Unidos e o urso do Leste: querer proibir os esportistas da Rússia de participarem das Olimpíadas Rio 2016 é de uma hipocrisia infinda, porque todo sabemos que os esportes são hoje movidos a dinheiro, o desempenho excepcional é um produto e para oferecê-lo nas mais variadas cores e formatos, a ajuda de drogas é essencial. Eu cheguei até a ler em uma coluna em jornal brasileiro que o doping russo é política de Estado, fomentada é claro pela besta apocalíptica de nome Vlad. Não coloco a mão por nenhum dos que irão participar desta Olimpíada, mas querer que o público acredite que só a Rússia deve ser exemplarmente punida porque são seus esportistas os mais dopados é muita má fé. Há outros objetivos por trás, o principal deles, o de tornar o país um pária na tal da comunidade internacional.

    Outro sinal de que a Guerra Fria renasceu das cinzas é que os Estados Unidos, sob a fachada da OTAN, está atualmente instalando na Polônia o Sistema de Defesa de Mísseis Balísticos Aegis. A razão oficial é proteger a Europa do Irã, a razão subentendida é a de defender a Polônia de ataques russos, a razão verdadeira, na opinião de Putin, é cercar a Rússia de mísseis para atacá-la. É por isso que acho Trump uma opção mais segura para evitar o confronto entre potências nucleares, que seria fatal para todos nós. Em entrevista ao jornal The New York Times e no seu próprio discurso de investidura, o magnata afirmou que se for presidente não vai garantir a segurança de nenhum membro da OTAN se este membro não fizer sua devida contribuição material à defesa coletiva. Na prática, se a Polônia resolver bancar a engraçadinha e provocar a Rússia contando que terá a proteção do Tio Sam, em um governo do “The Donald”, ela dará com os burros n´água. Isso vai evitar que grandes potências iniciem uma guerra mundial por causa de países menores, como ocorreu tanto na Primeira quanto na Segunda Guerra Mundial (aliás neste caso envolvendo a mesma Polônia).

    Prezados leitores, estamos vivendo tempos perigosamente interessantes. A China tem 5.000 anos de história, a Rússia mil, nenhum deles vai render-se aos Estados Unidos, mesmo porque não perderam nenhuma guerra para eles. A política externa americana nestes últimos 20 anos tem sido pautada pelo lema faça o que nós quisermos se não será considerado ditador, terrorista, sofrerá sanções econômicas. Se a América continuar arvorando-se como polícia do mundo, invadindo países como fez no Iraque, insuflando rebeliões como fez na Ucrânia e na Síria, o “colapso da ordem mundial”, leia-se a guerra nuclear, estará cada vez mais próximo. Por considerar que seja muito mais provável que as duas bêtes noires da cena mundial, Trump e Putin, estabeleçam relações de respeito mútuo do que Hillary e Vlad estabeleceriam, eu torço para que o clone do Benito Mussolini seja eleito em 8 de novembro.

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