Ela tem o compromisso com o brasileiro que precisa mais do governo. Tem muita gente que gostaria que nem existisse Estado – o sujeito que produz, entrega parte para o Estado e recebe de volta uma infraestrutura toda deficiente, por exemplo. Mas, para a maioria da população, o Estado é a solução. E, para esse povo, a Dilma tem o que mostrar.
Trecho da entrevista de Cid Gomes, governador do Ceará, nas páginas amarelas da Veja
Agências ficam à míngua – Redução de gastos deixa Anatel, Anac e Aneel sem recursos para fiscalização e atendimento
Manchete do caderno de economia do jornal O Globo de 17 de novembro
Prezados leitores, eu me considero uma conspiracionista. Esse meu estado de espírito vai muito além de achar que John Kennedy, cujo assassinato completa 50 anos, não foi morto por Lee Harvey Oswald, mas por gente de dentro do governo que queria realizar a Operação Northwoods à qual Kennedy se opunha; que Osama Bin Laden já tinha morrido de insuficiência renal muito antes de Barack Obama ter anunciado de maneira triunfal sua eliminação por um grupo de SEALs (lembrem-se que a materialidade de um crime é obtida pela apresentação do corpo, o que não aconteceu com Osama, que segundo os americanos foi jogado no mar); que a Princesa Diana foi morta por agentes do SAS inglês devido ao seu envolvimento embaraçoso com muçulmanos; que Fukushima é um acidente nuclear sem grandes consequências. Em tudo isso eu acredito, mas não tentarei convencer quem me lê porque não tenho provas cabais, simplesmente confio na palavra de certas pessoas que desconfiam das versões oficiais. Argumentar aqui seria perda de tempo, pois é mera questão de fé. Talvez daqui a algumas décadas, a verdade venha à tona sobre esses episódios, mas nem eu nem meus leitores estaremos nesta Terra. Só me aventurei a falar de Fukushim, porque a perspectiva de ser o desastre ambiental que marcará para sempre a história da humanidade levou-me a compartilhar minha angústia com vocês.
Meu conspiracionismo tem um lado que acredito seja mais palatável, que é o de acreditar que há certos grupos na sociedade que tramam e se unem a outros para obter vantagens, às custas dos grupos que ficam fora das negociações. Eu não me canso de repetir isso aqui neste meu humilde espaço, mas infelizmente não consigo me calar porque é algo que afeta nossas vidas cotidianamente. Não estou aqui a falar da luta de classes de Marx, porque para ele, pelo menos do que sei do Velho Barbudo, a luta de classes é uma chave de explicação e uma espécie de motor contínuo da História. Para minha mentalidade burguesa, acho que deveríamos criar condições na sociedade não para que esse embate fosse eterno, mas para que pudéssemos chegar a uma entente cordiale. Isso parece estar cada vez mais difícil neste nosso mundo globalizado.
Nos Estados Unidos, o desemprego atinge níveis alarmantes e a única coisa que o governo sabe fazer é imprimir mais dinheiro para manter os bancos à tona e poderem continuar fingindo que tudo está bem. (Aliás, para quem queira ler uma sátira muito inteligente sobre esse estado de coisas, sugiro esta pequena notícia tirada do realismo fantástico: http://www.theonion.com/articles/recessionplagued-nation-demands-new-bubble-to-inve,2486/). Na Europa a salvação do euro e do projeto da Europa tão querido aos burocratas ciosos do seu ganha-pão justifica tudo, vender tudo a preço de banana, oferecer cidadania européia a quem pagar mais, deixar os cidadãos comuns em situação desesperadora. E no Brasil? Eu seria tola se dissesse que estamos em uma situação tão desesperadora, afinal temos taxa de desemprego de 5,4% atualmente, mas mesmo assim acho que há uma grande conspiração.
O próprio governador do Ceará que apóia a reeleição de Dilma, admite que o governo federal não faz nada para quem produz, mas simplesmente para aqueles que precisam do governo para sobreviver. Ele implicitamente se refere aos beneficiários do Bolsa Família, dos aumentos reais do salário mínimo. Eu modestamente incluiria aqueles que vivem da dívida do governo, e das benesses VIPs do governo. Afinal, a falta de dinheiro para as agências reguladoras é conseqüência direta das engenharias financeiras necessárias para ter o superávit fiscal primário e pagar os juros da dívida. Portanto, para o “sujeito que produz”, como diz Cid Gomes, o sujeito que precisa ter aeroportos funcionando, aviões voando, ferrovias e hidrovias para escoar a produção, serviços de telefonia eficientes e a preço justo, planos de saúde regulados, estradas em que não se corra o risco de morrer, o que o governo oferece é muito pouco, para não dizer outra coisa. A outra coisa a que me refiro inclui aumentos de impostos como aquele que o Sr. Prefeito Fernando Haddad de São Paulo impôs no IPTU de até 19% com a justificativa de que vai construir conjuntos habitacionais populares. Espero que esse dinheiro que sairá do meu bolso não se esvaia pelo mesmo ralo por que passou o dinheiro que os ficais do ISS deixaram de cobrar dos seus amigos.
Essa receita de Estado para certos grupos em detrimento dos outros tem dado muito certo nesse nosso Brasil em termos de eleições, ela têm sido a base da nossa democracia. A maioria que não tem elege os candidatos aprovados pela minoria que recebe a parte do leão das benesses e que consente que certas migalhas sejam dadas à maioria que vota para que os interesses dessa minoria influente sejam mais bem servidos. Na segunda página do caderno de economia do Globo há uma entrevista com o Secretário da Receita Federal, que perdeu muitos poderes de fiscalização nos últimos tempos porque aparentemente a prioridade do governo é oferecer parcelamentos de dívidas para multinacionais, as quais, a propósito, em grande parte gozam de monopólios de mercado no Brasil.
Este é o script que vem sendo seguido à risca: Estado distributivista e ineficiente, que atende a fila preferencial à perfeição, mas que faz o cidadão comum, que não se encaixa em nenhuma categoria privilegiada, penar cotidianamente com impostos altos, infraestrutura deficiente, para utilizar as palavras do excelentíssimo governador, custo de vida que só faz crescer. Não gosto desse filme que se desenrola à minha frente, por uma simples razão: não fui chamada a dar palpites no roteiro. Eu voto, mas nossa democracia é meramente um plebiscito sim ou não a cada quatro anos, sem que haja nuances nas escolhas. Não tenho controle sobre o que os legisladores fazem, muito menos nas instituições que supostamente exercem controle. A mim todos parecem membros de uma única patota que conspiram contra mim. Posso estar esquizofrênica e sofrendo com as alucinações típicas da doença, mas não vejo um grande futuro a longo prazo para o Brasil como um todo como resultado desta grande conspiração.