É melhor eu chupar umas balas Tic Tacs no caso de eu começar a beijar a mulher. Você sabe, eu me sinto automaticamente atraído por mulheres bonitas – eu simplesmente começo a beijá-las. É como se fosse um imã. Somente um beijo. Eu nem espero. E quando você é uma estrela, elas deixam você fazer isso. Você consegue fazer qualquer coisa. Agarrar a x****a da mulher. Você consegue fazer qualquer coisa.
Trecho de uma conversa que o candidato a presidente dos Estados Unidos, Donald Trump teve com Billy Bush em 2005 e tornada pública dois dias antes do debate com a candidata democrata, Hillary Clinton
Meses depois de Diana ter morrido em um acidente automobilístico em 1997, Trump disse a Stern que ele acha que poderia ter dormido com ela, afirmando que ela tinha “uma beleza de supermodelo.” Em uma outra entrevista em 2000, Trump disse que ele teria dormido com ela “sem pestanejar” e que ela tinha altura, beleza, pele.” Ele acrescentou, “Ela era louca, mas esse é um detalhe insignificante.”
Trecho retirado do artigo intitulado “Trump disse coisas muito grosseiras sobre as mulheres no programa de Howard Stern”, em que o jornalista relaciona as avaliações que o magnata americano fez de diferentes mulheres famosas
Prezados leitores, o festival de baixarias nas eleições presidenciais dos Estados Unidos continua correndo solto. É E uma guerra suja em que os dois lados utilizam todas as armas de que dispõem. O clã Bush nunca perdoou Donald Trump por ter defenestrado Jeb Bush da candidatura republicana da maneira humilhante em que o dublê de Benito Mussolini fez, chamando o irmão de George de pessoa sem energia. A vingança veio a galope na sexta-feira, dia 7 de outubro, em que foram divulgadas fitas contendo comentários indecorosos de Trump sobre as mulheres em geral feitos a um primo de George e Jeb. O revide do aprendiz ocorreu um pouco antes do debate, quando ele realizou uma coletiva de imprensa ladeado por mulheres que alegam ter sido estupradas por Bill Clinton: Kathleen Willey, Paula Jones e Juanita Broaddrick, a qual afirmou aos jornalistas que “Trump pode ter tido coisas ruins sobre as mulheres, mas Bill Clinton me estuprou e Hillary Clinton me ameaçou”.
Aliás, essa foi a linha de defesa adotada pelo próprio candidato republicano durante o debate realizado no domingo dia 9 de outubro, em que fez referência explícita às alegações de estuprador que correm contra Bill Clinton, e que até agora nenhum candidato do partido havia abordado. Nos últimos dias pessoas vestidas com uma camisa em que há a fotografia de Bill Clinton seguida da palavra estupro foram vistas gritando “Bill Clinton é um estuprador” em comícios de apoio a Hillary Clinton. Em suma, os ânimos estão acirrados, porque a eleição nos Estados Unidos transformou-se em uma disputa sobre quem tem mais esqueletos no armário. Qualquer que seja o resultado, os perdedores ficarão com um gosto amargo na boca.
A essa altura é forçoso eu reconhecer que as chances de Donald diminuíram consideravelmente depois dessa demonstração clara que mulheres são para ele um objeto sexual e nada mais. Convencer mulheres com educação universitária a votarem em um homem que dá notas às representantes do sexo feminino e às partes do seu corpo como quem avalia uma égua reprodutora é uma tarefa impossível. Isso pode ser decisivo para estabelecer quem será o vencedor, considerando que em 2008 56% das mulheres votaram em Barack Obama contra 43% que votaram em John McCain, e que em 2012 55% das mulheres votaram em Barack Obama contra 44% em Mitt Romney. Se John McCain e Mitt Romney, que nunca fizeram um centésimo das observações machistas de Trump sobre as mulheres, não conquistaram o voto feminino, agora então haverá um massacre nas urnas.
Quem acompanha minha humilde trajetória de blogueira sabe que gostaria de ver o porco sexista aprendiz de Mussolini na presidência dos Estados Unidos para o bem da paz mundial. O perigo de uma hecatombe nuclear está cada vez mais concreto diante dos acontecimentos na Síria, em que a Rússia apoia a manutenção de Assad no poder e os Estados Unidos querem Assad fora de qualquer jeito. No debate de domingo, o candidato republicano foi claro sobre sua intenção de unir esforços com a Rússia para destruir o grupo islâmico ISIS. A candidata democrata, por sua vez, nunca deixa de atacar a Rússia e Putin, a quem acusa de fazer espionagem no seu partido e de estar mexendo os pauzinhos para eleger Donald Trump. A escalada de confrontações a cada dia torna-se mais séria. Francois Hollande, o presidente da França, num rasgo de perfeita hipocrisia anunciou no dia 10 de outubro que vai denunciar os russos por crimes de guerra em Aleppo à Corte Internacional de Justiça, como se houvesse mocinhos em um conflito em que grandes interesses geopolíticos das potências mundiais estão em jogo, dos quais tratei há algum tempo aqui e por isso não repetirei minhas próprias palavras.
Infelizmente a coisa está preta para o aprendiz. Ele tem a mídia toda contra ele, aliás em nível mundial, pois todos os grandes veículos de comunicação que se prezam enfatizam seus defeitos e não veem nele nenhuma qualidade. Nos dois debates que já foram realizados a preferência dos mediadores por Hillary Clinton fica óbvia: as perguntas embaraçosas são para Donald, que é alvo igualmente de contestações das suas respostas de maneira fulminante. Esse viés a favor da candidata democrata afetou o desempenho no primeiro debate realizado em 26 de setembro em Nova York de ambos os candidatos. Hillary, sentia-se bastante confortável, pois não era desafiada pelo mediador, e teve oportunidade de exibir suas qualidades de advogada que sabe falar e sabe lidar com os detalhes de uma situação. Donald ao contrário, permaneceu na defensiva, pois era atacado por Hillary e pelo mediador, Lester Holt, ao mesmo tempo.
No domingo passado, já calejado, o candidato republicano partiu para o ataque e foi capaz de mostrar ao longo do debate que Martha Raddatz e Anderson Cooper não tinham a mínima preocupação com a objetividade, pois os esqueletos que levantaram diziam respeito a Donald Trump e nenhum dizia respeito a Hillary Clinton. O escândalo dos e-mails secretos mantidos em um servidor pessoal, a desastrosa morte do embaixador americano na Líbia, J. Christopher Stevens em 2012 por conta de um ataque terrorista facilitado por falhas na segurança admitidas pela própria Secretária de Estado àquela época, as declarações pouco lisonjeiras de Hillary sobre os eleitores de Donald Trump foram todos abordados em primeiro lugar pelo candidato republicano, e os mediadores limitaram-se a pegar carona, sem aprofundar-se muito.
Prezados leitores, apesar de ter plena consciência que eu não estaria no radar dele, pois um macho como Donald Trump não pega mulheres acima de 35, como ele próprio disse, torço para que este boca-rota ainda consiga dar a volta por cima. Como muitos homens, o aprendiz é um falastrão, que se pavoneia de conquistar mulheres reais e imaginárias. Pode ser que muitas mulheres tenham se rendido ao seu poder e a seu status de celebridade, mas um dos seus objetos de desejo, a finada e aristocrática Princesa Diana, nunca deu a mínima pelota àquele americano cafona, apesar de ele ter-lhe mandado flores em uma das ocasiões em que ela esteve na “América”. Toda essa celeuma em torno do que um menino crescido falou para outro menino crescido é apenas uma cortina de fumaça para desviar a atenção dos americanos sobre as reais questões importantes que estão em jogo e que não são discutidas porque não interessa a grupos influentes discutir: o desemprego estrutural que afeta milhões de americanos causado pela globalização, as guerras imperialistas travadas no Oriente Médio que só fazem aumentar a instabilidade na região, o tráfico de armas, de drogas e de pessoas no sul dos Estados Unidos. As soluções de Trump para esses problemas ferem vários interesses há muito entrincheirados e é por isso que ele é pintado como um ser “beyond the pale” como se diz em inglês. Em suma, o aprendiz provavelmente vai morrer pela boca, sem sequer ter feito algo de realmente revoltante. Enquanto isso, Bonnie e Clyde terão mais uma oportunidade para mostrar seus truques.