Dos 154 representantes de entidades privadas a quem Hillary telefonou ou que encontrou durante seus dois primeiros anos como Secretária de Estado, 85 deles haviam feito contribuições para a Fundação Clinton, e as contribuições totalizavam $156 milhões. Conclusão: o acesso à Secretária de Estado Clinton podia ser comprado, mas não era barato. Quarenta dos 85 doadores deram $100.000 ou mais. Vinte dos doadores que Clinton encontrou ou para os quais telefonou deram mais de $ 1 milhão ou mais.
Trecho retirado do artigo “Muita fumaça, aqui, Hillary”, de autoria do ex-candidato à Presidência dos Estados Unidos, Patrick Buchanan
Cada um dos principais pontos de inflexão no desenvolvimento científico precisou da rejeição da comunidade de uma teoria científica consagrada pelo tempo em favor de algo incompatível com ela. Cada um deles produziu uma mudança nos problemas disponíveis para o escrutínio científico e nos padrões pelos quais os membros da comunidade científica determinavam o que deveria ser considerado como um problema admissível ou como uma solução legítima para um problema.
Trecho retirado do livro “A Estrutura das Revoluções Científicas”, de Thomas Kuhn
Prezados leitores, antes de tratar do assunto que me traz aqui devo esclarecer que minhas críticas à política externa americana não significam que eu seja anti-americana. Uma coisa é o governo do Estados Unidos, que invade países, os destrói, provoca o caos e ainda posa de paladino da liberdade e da democracia, outra coisa é o povo americano e suas instituições. Da mesma maneira é tolo achar que os Estados Unidos são aquilo que Hollywood nos mostra. Algo que é extremamente louvável por lá e que permanece incólume é o direito de acesso às informações sobre o governo federal garantido por uma lei cujo acrônimo é FOIA, equivalente à nossa Lei nº 12.527/2011. Exercendo esse direito a agência Associated Press pôde revelar na semana passada um pouco das atividades de Hillary Clinton enquanto Secretária de Estado e o esquema de “pay for play” que ela estabeleceu enquanto lá esteve. Os indícios de que ela usou seu cargo de chefe da diplomacia americana como balcão de negócios ficam cada vez mais difíceis de negar.
E, no entanto, os órgãos de imprensa seguem o padrão descrito sucintamente pelo filósofo americano Thomas Kuhn. A teoria predominante é que Hillary Clinton é indiscutivelmente a melhor candidata à presidência dos Estados Unidos, pois mesmo que ela seja corrupta e minta compulsivamente sobre seus negócios escusos, ela não diz besteiras como Donald Trump, um palhaço, louco, racista que fala coisas estapafúrdias como “Obama é o fundador do ISIS” ou que promete já na primeira hora de governo vai começar a deportar imigrantes ilegais. Ou seja, em que pese haver falhas na ideia consolidada de que Hillary reúna as características para ser uma boa presidente, já que há revelações sobre a troca de favores com grandes doadores de campanha, a essa altura ainda é possível dar uma ajeitada, como faz nossa VEJA que relata o esquema mas diz que do outro lado Trump se afunda nas estultices, e que portanto a Sra. Clinton continua sendo a escolha, apesar de certas rachaduras na sua estátua de grande mulher americana, defensora dos direitos humanos e dos direitos das minorias.
E no entanto, Khun nos explica que os fatos que contrariam as explicações dadas pela teoria em vigor vão acumulando-se gradativamente, e chega um momento em que a insuficiência torna-se flagrante: os furos são por demais numerosos para que sejam todos vedados. Quem sabe se os órgãos independentes nos Estados Unidos, que felizmente ainda existem à margem da CNN, do New York Times e do Washington Post, para citar apenas alguns dos principais veículos de imprensa americana, valendo-se da FOIA, não revelem detalhes ainda mais comprometedores sobre aquela que pretende ser a dama de ferro do Império Americano? Não custa lembrar que os advogados de Hillary apagaram 33.000 e-mails que ela leu e manipulou em um servidor ilegal provavelmente para que o FBI não descobrisse que ela tratou de informações confidenciais do governo dos Estados Unidos fora do ambiente eletrônico seguro do Departamento de Estado. Para não falar do histórico médico de uma mulher de 68 anos que já teve AVC, vive caindo, tosse muito antes de falar e já fez biópsia na língua, como atestam fotos. Será que ela tem saúde para ser presidente?
Talvez se mais informações sobre as atividades de Hillary como palestrante para a Goldman Sachs, a empresa que permitiu à Grécia fazer maquiagens contábeis e entrar para a zona do euro, ou sobre as mais de 100 pessoas ligadas de alguma forma a ela e a seu marido que morreram em circunstâncias estranhas, façam com que o último estágio, tal como descrito na citação que abre este artigo, seja atingido. A teoria consolidada será descartada e isso levará à colocação de novas perguntas e novas soluções que antes pareciam impensáveis. As palavras do showman Trump tornar-se-ão a nova lei. Assim, dizer que Obama é o fundador do ISIS parecerá sensato considerando que o governo dos Estados Unidos foi responsável pela derrubada de Muammar Al-Gadaffi em 2011 e pelo apoio aos rebeldes na Síria para a derrubada de Bashar al-Assad, duas iniciativas que lançaram os respetivos países no caos e permitiram a ascensão do ISIS. De maneira análoga, comprometer-se a deportar uma parte dos cerca de 40 milhões de imigrantes ilegais atualmente nos Estados Unidos não será vista como uma proposta racista, mas servirá um objetivo de mostrar que a lei deve ser respeitada no país e uma forma de ajudar aqueles que mais sofrem com o dumping praticado pelos imigrantes, os negros americanos, cuja taxa de desemprego, sob o primeiro presidente negro dos Estados Unidos, estava em 8,3% no segundo trimestre de 2016, o dobro da média dos brancos de 4,2%, de acordo com o Bureau de Labor Statistics dos Estados Unidos.
Prezados leitores, o impeachment de Dilma Rousseff no Brasil são favas contadas porque nenhuma tentativa séria de desbancar a ideia dominante de que a presidente é criminosa e não simplesmente incompetente teve chances de vir à tona de maneira crível. Nos Estados Unidos, ao contrário, o consenso em torno de Hillary Clinton está abalado porque há grupos que estão investigando a fundo o que há por trás da Fundação do casal 20 da política americana. Pode ser que até novembro a acumulação de fatos novos refratários à explicação oficial não seja suficiente para a mudança do paradigma e ela acabe vencendo a eleição. Ou então pode ocorrer que as premissas do debate mudem e que aqueles que se perguntam” Como é possível eu apoiar Donald Trump?” mude para “Como eu posso permitir que Hillary Clinton ganhe? Aguardemos as cenas dos próximos capítulos, porque este enredo afeta todos nós, habitantes da Terra.