“Os japoneses irão atacar, não prepare defesas, precisamos do apoio total da nação no esforço de Guerra por um ataque não provocado ao país.” De acordo com Hartford Van Dyke, autor do livro publicado em 1975 “O Esqueleto no Armário do Tio Sam” essas foram as palavras de Franklin Delano Roosevelt quando foi informado pelo Secretário da Guerra, Henry Stimson, de que os japoneses estavam prestes a realizar um ataque contra Pearl Harbor. Van Dyke ouviu essa revelação de seu pai, Lyle Hartford Van Dyke, que por sua vez a ouvira de seu tio Gerald Mason Van Dyke, um oficial da inteligência do Exército Americano no Havaí que mandou uma mensagem às duas horas da tarde do dia 4 de dezembro de 1941 a Washington informando as autoridades da iminência de um ataque. Hartford decidiu publicar seu livro indignado com o massacre de Mi Lai no Vietnã sem quebrar a promessa feita pelo seu pai de que só falaria sobre o episódio depois da morte do tio.
Como todos sabemos, Pearl Harbor passou à história como um ataque surpresa em que 2403 militares americanos e 40 civis foram mortos no dia 7 de dezembro de 1941. A indignação causada entre os americanos permitiu a Roosevelt lançar os EUA na guerra pois mudou o ânimo de seus compatriotas, que de receosos de um envolvimento no conflito europeu passaram a clamar por vingança contra os famigerados japonenses. E assim foi feito, Roosevelt conseguiu o que queria e a vitória na Segunda Guerra Mundial consolidou o domínio americano não só no campo econômico quanto militar.
Alguns poderão argumentar que as mentiras do governo americano começaram aí, quando os EUA se afirmaram como potência mundial. Mas se dermos uma olhada na história podemos ver que talvez o início da desfaçatez tenha se iniciado com a Guerra Civil de 1861, que em 12 de abril completou 150 anos. Depois de mais de 600.000 mortes, a Constituição originária elaborada pelos fundadores da pátria foi na prática jogada no lixo. De um país formado pela união da vontade dos Estados passou-se a um outro em que o governo federal impôs sua vontade a ferro e fogo aos Estados do Sul que queriam separar-se da União para manter seu estilo de vida agrícola e escravocrata. Mas os ianques do norte queriam fazer negócios e então contaram a história para boi dormir de que estavam lutando para libertar os escravos. Abraham Lincoln passou à história como herói. De fato, os escravos foram libertados, mas por outro lado a autonomia das unidades federadas sofreu um duro golpe e preparou o terreno para um poder central forte que pôde então se lançar a criar o Império Americano.
E cá estamos nós em 2011 às voltas com as façanhas do Tio Sam, ganhadores da Guerra Fria, que apoiaram ditaduras sanguinárias e corruptas em todos os cantos do mundo na luta contra o comunismo. O comunismo foi derrotado e ao invés de os ianques colocarem as barbas de molho e desfrutarem os frutos da paz, não, havia outros inimigos. Os terroristas muçulmanos. Um dia haverá um outro Hartford Van Dyke que com peso na consciência nos contará a verdadeira história do 11 de setembro. Será que as autoridades americanas também já não sabiam das manobras dos terroristas e deixaram os acontecimentos se desenrolarem para que pudessem dele tirar proveito?
Afinal, depois do 11 de setembro os Estados Unidos se arvoraram o direito de invadir o Iraque, o Afeganistão, o Paquistão atrás dos fanáticos muçulmanos. O Patriot Act, promulgado somente seis semanas depois dos ataques (como se já estivesse pronto e só esperasse a desculpa da destruição do World Trade Center para ser liberado), aumentou tremendamente o poder do Executivo, permitindo violações flagrantes ao Estado de Direito, ao devido processo legal, ao direito de defesa, à presunção de inocência. Qualquer cidadão, mesmo natural dos Estados Unidos, se suspeito de atividades “terroristas” pode ser preso em nome da segurança nacional. Bradley Manning, o soldado de 23 anos que é acusado de ter enviado ao Wikileaks documento sobre a podridão da Guerra no Iraque, está incomunicável, sem previsão de julgamento, e é obrigado a sair de sua cela todos os dias pelado para ser “revistado”. Os indivíduos que viajam de avião devem se submeter a um constrangedor escaneamento do corpo, com máquina fornecida por empresas israelenses, experts no assunto. Coincidência ou não, Israel é o principal beneficiário da atuação americana no Oriente Médio depois do 11 de setembro.
E assim as mentiras do Grande “Beacon of Liberty”, como Arnold Schwarznegger um dia definiu os EUA, foram se avolumando, tudo em nome da luta contra o terror, armas de destruição em massa no Iraque, que só existiam na mente alucinada de Bush e de seu poodle, o picareta do Tony Blair, um dos maiores embusteiros atualmente em ação, aliás recentemente esteve no Rio para dar conselhos a otários que pagam para ouvir lorotas de um advogado bom de lábia. Mas devo confessar que essa morte do Osama Bin Laden de 1 de maio realmente me deixou estupefata pela sem cerimônia como a conversa para boi dormir foi contada.
No domingo foi-nos relatado que o líder da Al-Qaeda, o “cérebro dos ataques de 11 de setembro”, havia utilizado uma mulher como escudo e resistido até o fim. Dali dois dias a história já tinha mudado e o famigerado Bin Laden não tinha resistido e levou um tiro na cabeça. Bem, como diriam nossos ascendentes portugueses Inês é morta porque acharam por bem jogá-lo no mar. Teremos que acreditar na história contada por Obama e sua Secretária de Estado, Hillary Clinton. De qualquer forma, efeitos bons já apareceram para o Prêmio Nobel da Paz. Provou ser um cabra macho mandando matar a maior fonte de informações sobre o terrorismo e agora pode justificar sua saída de fininho do Afeganistão, onde o fracasso foi total, e a busca de um novo alvo, o Paquistão, que deve ser punido por ter escondido Bin Laden. E claro, sua popularidade aumentou a despeito da situação calamitosa de desemprego, especialmente entre a população negra masculina, que votou em massa no primeiro presidente afro descendente
O show de Obama, como o Apprentice de Donald Trump, seu arquiinimigo atual, possível candidato a presidente no ano que vem, não pode parar. E Obama, de símbolo da mudança, passou rápido de aprendiz de feiticeiro a verdadeiro mago na arte de manipular. As histórias são tão prodigiosas que eu me esqueço delas. Por que mesmo houve a intervenção na Líbia, sem aprovação do Congresso Americano? É para proteger os civis ou para solapar a posição da China que tem investimentos vultosos na área controlada pelos rebeldes? Há quem ache Obama mais fino e inteligente que o Donald Trump, que separa o cabelo atrás da orelha. Mas a conversa fiada de Obama é muito mais deletéria ao país e ao mundo do que as cafonices do rei da jogatina. A absurda morte de Osama Bin Laden, se não for o fundo do poço em matéria de escárnio e de falta de respeito com o povo, mostra que as estripulias do Império Americano ainda vão nos levar por caminhos cada vez mais funestos.